quinta-feira, 12 de março de 2009

∴Sobre as primeiras experiências Profissionais - III∴

Liderança e Trainees

Na Termolar (www.termolar.com.br) em Porto Alegre, inicialmente, eu estava trabalhando apenas como um simples estagiário da área de engenharia da qualidade, mas com os resultados das minhas iniciativas passei a ser percebido pela área Administrativa da empresa.

Ás vezes almoçava com um grupo de Trainees recém contratados e falávamos muito sobre as possibilidades de aprendizado, crescimento profissional e desenvolvimento de uma carreira na empresa.

Alguns deles comentaram sobre a “minha existência” com o diretor da área administrativa (Silvio Calegaro) que solicitou que eu começasse a participar das reuniões do grupo.

Todas as sextas, tirávamos o período da Tarde para nos reunir e conversarmos sobre diversos temas orientados, é claro, pelo Diretor Calegaro.

Por motivos óbvios alguns temas tornaram-se bastante reincidentes em nossas reuniões, como por exemplo: Liderança, Motivação e Trabalho em Grupo.

Entendíamos a cada reunião que estes assuntos de nada seriam úteis se não colocássemos em prática, por isso decidimos montar um projeto para compartilhar e multiplicar estes importantes conceitos com os demais funcionários da empresa.

O projeto foi nomeado (por minha sugestão) como “Projeto Open Mind”.

Pretendíamos com o projeto mudar a mentalidade e o comprometimento das pessoas que trabalhavam na empresa, expandindo suas potencialidades e talentos.

Os primeiros temas seriam é claro Liderança, Motivação e Desenvolvimento de trabalhos em Grupo. O grupo de trainees dividiu-se em três sub-grupos, assim cada sub-grupo estudaria um assunto a fundo e apresentaria aos demais trainees os resultados dos seus aprofundamentos.

Passamos então a realizar Workshops com vinte e sete funcionários (cada grupo de três trainees ministrava palestras e dinâmicas de grupo com outros nove funcionários).

O diretor Silvio estava muito entusiasmado e talvez naquela época não percebêssemos como esta característica é importante em um líder da alta administração.

Ele ia em bares, baladas e shows nos mesmos lugares que nós trainees costumávamos ir e isto gerava muita proximidade e identificação. Era muito animado e percebia-se muita energia na sua presença.

A poucos dias entrei em contato com ele (que hoje está trabalhando e é atualmente o Diretor Administrativo da COMIL (http://www.comilonibus.com.br) e pude expressar minha gratidão pelas conversas que tive em sua sala e os papos com os demais trainees. Foi um grande mentor e influenciou muito minhas relações de trabalho dali para frente.

Eu naquela época, estava um pouco confuso com o caminho a seguir e o contato próximo com este Líder me deixava ainda mais baratinado. Não estava claro para mim o que fazer: ser um aspirante a comunista e culpar os outros pelos possíveis fracassos da minhas experiências vindouras ou assumir desde já a responsabilidade pelo meu caminho futuro?

Parênteses sobre a dualidade

Aqui cabe um parágrafo de “parênteses”. Na visão dualista que tinha na época eu acabava julgando (por puro preconceito, ignorância e desconhecimento) o que seria uma boa ou uma má postura profissional frente aos demais funcionários da empresa. Em alguns momentos sentia-me deslocado pela suposta necessidade do “teatro dos negócios”. Deveria eu tratar os demais funcionários formalmente dentro das rígidas normas e princípios hierárquicos determinados ou ser simplesmente uma pessoa que se comunica com outras pessoas? A resposta eu sabia. O que me confundia era o “duplo vínculo” que a cultura empresarial me impunha.

Quando assumimos alguma função ou cargo nos quais temos que lidar com grupos de pessoas, ás vezes, se não temos maturidade e humildade, podemos agir de forma egoísta centralizando as ações nos benefícios pretendidos de forma unilateral. Assim um gerente de projetos passa a não consultar suas equipes sobre os melhores prazos e recursos a serem utilizados. O coordenador determina e delega a realização de tarefas aos seus subordinados. Os colaboradores simplesmente obedecem – e é claro fazem somente o que foi mandado e nada mais.

Escutar o grupo é difícil e por isto muitos administradores não o fazem. Não sabem lidar com os problemas das pessoas que integram o grupo e por isto fingem que eles não existem (ou pior: nem tomam ciência deles!!).

Eu estava assumindo responsabilidades de coordenador e estava entre o céu e o inferno. Deveria manter minha ideologia socialista perante as relações de trabalho ou assumir uma postura capitalista onde alguns poucos tem mais direitos e outros muitos tem mais deveres? Qual seria o caminho do bem e qual seria o caminho do mau? Eu sabia que o caminho do meio era o mais equilibrado, mas não sabia ainda como percorrê-lo!

Cursos de dicção e oratória e outras experiências dinâmicas

Certa vez, ainda no grupo de Trainees, fizemos um curso de teatro no centro de Porto Alegre para aprendermos a trabalhar em grupo, liberar tensões físicas e ativar nosso poder de decisão através de improvisos* (pouco tempo atrás repeti a dose conforme descrevo no texto TEATRO DOS NEGÓCIOS).

É claro que, mesmo sob incentivo e apoio do diretor administrativo (que aliás participou no curso!) nenhum gerente financeiro liberaria facilmente em uma empresa de garrafas térmicas uma “despesa” com cursos de teatro, por isso estas despesas foram lançadas como cursos de dicção e oratória (a cultura do “me engana que eu gosto” é comum nas empresas da era industrial).

(“Naquela época” – 10 anos atrás - ainda se colocava este tipo de curso no currículo, juntamente com o curso de “datilografia” que era pré-requisito básico!! Como o tempo voa e os mercados evoluem!).

As dúvidas e um novo começo...

Inicialmente os participantes eram pessoas ligadas a funções de chefia e liderança e neste ponto tínhamos o primeiro embate: multiplicar a todos os funcionários da empresa (minha visão socialista) ou limitarmos os workshops aos gerentes, supervisores e coordenadores (valorizar os que – supostamente - agregam mais valor)?

Não cheguei a ver esta questão respondida, pois sai da empresa e fui trabalhar com amigos em uma empresa familiar muito acolhedora, aberta e dinâmica por sinal:

A AGST Automação e Controles...

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá Kleiton, li seu post e achei ótimo, trabalhei por dez anos na
Termolar e tive o prazer e a honra
de trabalhar com o Silvio Calegaro.
Depois da saída dele a Termolar de-
clinou com troca troca de diretoria
e a política do me engana que eu
gosto, onde os interesses pessoais
da atual direção estão acima do va-
lor e competência do colaborador.
Depois do Silvio a Termolar perdeu
a graça e valores.
É muito importante aos que estão
iniciando no mundo dos negocios e
na área executiva lerem seu post.
att: Aelson

Anônimo disse...

Olá,
Não me lembro de você mais na mesma época trabalhei na Termolar (minha verdadeira universidade) e faço minha as suas palavra. Eu costuma dizer que o Silvio despertava em mim o "amor e o ódio", pois sua postura perante as decisões nos fazia pensar.
O tempos são outros e gestores de verdade não encontramos todos os dias.
Eu ainda não me deparei com nenhum!
agrande abraço ANAP anap291071@hotmail.com