segunda-feira, 10 de agosto de 2009

∴A ARTE DA CONSTRUÇÃO∴


“Construção” é uma palavra que me agrada muito, porque se refere tanto a um processo, quanto ao seu resultado. Definimos como “construção” um prédio sendo erguido, ainda em meio a obras, bem como o edifício já pronto. E isso nos permite entender que a construção é algo que nunca termina, pois ela está sempre acontecendo e, ao mesmo tempo, gerando novos resultados.
É assim, também, com nossa vida – pessoal e profissional (vale dizer que, de verdade, é impossível separar as duas). Estamos sempre na construção. E perceber esse movimento em nossas vidas, bem como entender suas etapas, pode servir como um poderoso combustível para que nossa consciência fique mais alerta, observando quanto estamos alinhados com nossos verdadeiros valores e objetivos na vida. No caso das empresas, esse exercício pode trazer informações preciosas sobre os fins e os meios em que a organização está investindo.
Construção é uma palavra feminina. Ao contrário do que muitos possam imaginar, ela não necessita apenas de ação e movimento, características normalmente associadas ao universo masculino, mas também de aceitação e paciência, presentes no mundo feminino. A construção, como todo ser humano, é tão melhor quanto mais equilibrados esses elementos se encontram. É daí que vem a sua força e capacidade de concretização.
A construção sempre começa por uma escolha. Tomamos a decisão de chegar num certo ponto, e então iniciamos a jornada. Aí começa o primeiro exercício de auto-observação: será que estamos fazendo a escolha certa? Em que baseamos nossas decisões? È certo que todos nós, seja na família, na vida social, ou na empresa, estamos buscando a felicidade. Mas, a depender de nossa história pessoal, dos valores de nossa cultura e de diversos outros fatores, podemos realizar essa busca de forma distorcida. Pode parecer estranho, e certamente de maneira distorcida, mas o chefe de uma quadrilha de assaltantes também está buscando a felicidade, à sua maneira.
Será, por exemplo, que nossas escolhas são baseadas no medo ou no amor? Afinal, podemos decidir construir um muro para nos defender, uma casa para receber os amigos, ou um templo para orarmos. Cada construção trará um resultado diferente. É como na agricultura. Essa é a hora em que decidimos se vamos plantar milho, arroz ou feijão. Certamente vamos colher o que plantamos. Em outras palavras, vamos receber amor, raiva, alegria ou tristeza, dependendo do que decidimos plantar. A diferença em relação ao agricultor é que nós, muitas vezes, estamos tão confusos, tão atolados no nosso dia-a-dia, que não prestamos atenção no que estamos plantando. Talvez porque não saibamos com clareza o que realmente queremos construir, e por quê.
Nas empresas isso fica muito claro. Muitos líderes e funcionários não sabem exatamente o que estão construindo: Resultados financeiros? Status? Auto-estima? Poder? Contribuição social? Um mundo melhor? Felicidade (individual e coletiva)? A decisão tem de ser clara para todos e compartilhada, para que todo o grupo possa caminhar alinhado para alcançar seu objetivo.
Quando sabemos, de verdade, o que queremos construir, inicia-se a fase do planejamento, em que avaliamos os recursos, o tempo de que dispomos e quais são as prioridades. Nesse momento, também, precisamos estar bem alertas. Um leve descuido faz com que planejemos construções megalomaníacas, fora da realidade, que seriam abortadas se analisássemos com cuidado nossa capacidade psicológica e material de realizá-las. É comum vermos construções inacabadas, paradas no meio, por falta de uma boa fase inicial, gerando um grande prejuízo a todos. O inverso também ocorre, com planejamentos aquém da oportunidade, normalmente por medo, por não se apostar em nossos sonhos (sem tirar os pés do chão) ou por subvalorizar o próprio potencial da construção.
Após o planejamento vem uma inevitável e nem sempre agradável etapa do processo: limpar e ajeitar o terreno. É muito raro começar uma construção num espaço que já esteja totalmente adequado para esse fim. Em geral, temos de separar lixo ou cortar a mata densa. E, saindo da metáfora, isso significa, por exemplo, olhar para bloqueios psicológicos e crenças que atrapalham que alcancemos nosso objetivo, ou trabalhar relacionamentos pessoais e profissionais complicados, ou a descrença e a crítica dos outros em relação ao nosso projeto.
Enfim, vem a execução em si. Montar alicerces, construir muros etc. E, ao contrário do que acontece nas obras reais, na construção da vida não podemos contratar pedreiros e peões de obra e ficar apenas no cargo de coordenação. De uma certa forma, exercemos todos os papéis, pensando e elaborando, mas também carregando peso e dando nosso suor. E isso é importante para nos lembrar que, nas construções coletivas, como as de uma empresa, todos os papéis são essenciais. Por mais ingênuo que pareça, ninguém é mais importante que ninguém. Cada um tem o seu papel e peso no resultado final, que definitivamente depende de todos.
Por fim, mensuramos resultados, e, durante todo o processo, acompanhamos e avaliamos nossa construção. Será que a direção que tomamos inicialmente continua correta? Ou precisamos de ajustes? Talvez possamos melhorar a execução, contando com colaboradores e materiais melhores, ou contendo gastos excessivos? É importante lembrar que é impossível se enganar numa construção: se ela é construída em bases falsas, ou com material de segunda, apenas para economizar, ela inevitavelmente cai. Não adianta, por exemplo, uma empresa fazer uma ação social, e divulgar isso aos quatro cantos, se os funcionários e clientes não são tratados com respeito.
Além de tudo que já foi dito, é importante reconhecermos que muitas vezes, por mais ilógico que possa aparentar, há uma parte nossa que não quer a construção, que age à nossa revelia, que põe tudo a perder. Se você já chegou a esse entendimento, ótimo. Afinal, só essa percepção o ajudará muito a ir além dela, a assumir plenamente a sua capacidade e responsabilidade na construção.
Aquele projeto que está esperando para ser aprovado, o novo produto, a meta de vendas, a equipe de atendimento, o novo escritório e tantas outras construções dependem de nós. E como já dissemos, a construção não tem fim. Cada construção que terminamos serve de base para fazermos uma nova construção. Uma usa o alicerce da outra. Por outro lado, não adianta nos desesperarmos para ver o resultado da nossa construção atual, como se ela fosse a única. Como ela é interminável, vale a pena percebermos que a beleza está no processo, na direção correta. Podemos dizer que a construção não é um lugar de chegada, mas um meio de transporte. E sigamos construindo, com qualidade.

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Eduardo Elias Farah é doutor em administração pela EAESP/FGV, palestrante e consultor especializado e sócio da Chama Azul Business Care (www.chamaazul.com.br).
E-mail: edu@chamaazul.com.br

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

∴Melindres∴

Gostaria de escrever hoje sobre situações que aconteceram (e acontecem) na minha vida profissional que julgo destrutivas para os relacionamentos profissionais: Os melindres!

Pessoas Melindradas são aquelas que se chocam facilmente. Tudo é uma agressão aos próprios princípios antes mesmo de se discutir sobre o assunto. São pessoas que não conseguem conversar no sentido de resolver os problemas mas assumem sim a atitude de não encarar os conflitos. Elas personificam os problemas ao invés de tratá-los como parte do processo de aprendizagem sistêmica. Não resolvem desconfortos e, pelo contrário, falam por trás das pessoas envolvidas, sem tentar resolver nada. Não tem iniciativa nenhuma para sentar e esclarecer os pontos obscuros e desatar os nós das dificuldades a fim de desenvolver a si mesmo e a equipe, pelo contrário, rejeitam tais iniciativas.

Vou contar-lhes uma história que pode (ou não) ser baseada em fatos reais. Mas talvez seja melhor que entendam apenas como um conto de ficção. Conto aqui uma história de mentira que representa muitas vezes grandes verdades empresariais.

Era uma vez uma empresa chamada Talmet Systems. Na Talmet trabalhavam pessoas que se diziam pragmáticas e realizadoras, mas esta não era toda a verdade. A empresa em muitas situações era desorganizada e não tinha visão estratégica de governança e gerenciamento de processos.

Trabalhava lá também um rapaz (chamado “Sobrinho”) que,  tendo entrado muito novo na empresa, não conhecia outras realidades empresariais. Para ele os seus diretores eram Ídolos e ele nunca (eu disse NUNCA) apresentava opiniões divergentes a eles.

O nosso amigo “Sobrinho” era uma pessoa com muito conhecimento técnico (pelo menos era o que todos pensavam, até porque em uma empresa na qual a média de conhecimento técnico era nota 4 - de zero a dez - ele era nota 5!!) e por isto foi transformado em Coordenador.

Ou seja, para aquela realidade ele era BOM, mas na verdade era MEDÍOCRE (no sentido de mediano, médio), já que não identificava sistemicamente as falhas nos processos e as causas mais profundas dos retrabalhos, falhas de desenvolvimento e parametrizações que, corrigindo-se para um cliente, afetava vários outros e também não tinha competências gerenciais para lidar com sua equipe.

Sua vida no suporte a clientes e na manutenção das soluções da empresa era correr, correr, correr…fazer, fazer, fazer…corrigir, corrigir, corrigir…eternamente…num ciclo repetitivo e sem fim os mesmos erros e problemas de sempre. Isso para os diretores e funcionários da Talmet era valorizado: estar sempre ocupado resolvendo um “pepino”.

Minha visão sobre o fato é um pouco diferente: se ainda fossem erros e problemas novos, poderíamos dizer que a empresa estivesse crescendo e aprendendo, mas não. Eram sempre os mesmos erros, sempre as mesmas falhas. Alterava-se, corrigia-se e enviava-se a versão do software sem necessários testes, inspeções e homologações dos recursos. A empresa não aprendia.

Estranho? Na verdade não! Não podemos esperar de uma pessoa que não apresenta suas idéias algo diferente. Talvez não seja responsabilidade dele, mas sim da empresa, dos seus superiores, já que estes nunca incentivaram a sua criatividade e senso de julgamento.

Ora, se os diretores não focavam os problemas prioritários e sistêmicos, por que ele (praticamente um moleque) haveria de focar? Porque logo ele haveria de enxergar que algo estava fora de ordem??

A verdade é que a empresa não era madura o suficiente para entender problemas como possibilidades de aprendizagem e melhorias. Eles entendiam os problemas como “coisas que eles deviam resolver imediatamente”, e por isto nunca tinham tempo de pensar sistemicamente no processo, mas simplesmente atuavam sobre os efeitos dos problemas por eles mesmo causados.

Qualquer crítica nesta empresa que fosse feita sobre um processo era entendida como uma ofença pessoal. As pessoas não entendiam que o problema era uma falha no gerenciamento ou definição da tarefa, entendiam como julgamento sobre a competência de alguém.

Inúmeras foram as vezes nas quais alguém com senso crítico comunicou as necessidades de aprimoramento e as pessoas na empresa entendiam como se eu estivesse falando mal de alguém.

-“Precisamos melhorar nosso processo de gerenciamento de projetos. Ele é amador e ineficiente” – dizia alguém preocupado.

- “Nossa!, você não pode falar que o gerente de projetos é amador e ineficiente!! Que grosseria!”

 

-“A função do nível dois no atendimento ao cliente não é esta que estão lhe impondo, estou precisando de auxílio e o atendente está ocupado realizando tarefas que deveriam ser do coordenador dele!!”.

- “Como você pode falar que o Atendente N2 não está fazendo o trabalho dele direito?!? Isso desmotiva a pessoa!!”

Melindre e a personificação dos problemas. É uma grande dificuldade que impede o crescimento do nível de aprendizado da empresa. Ela demonstra a falta de maturidade para encarar os problemas nos processos como parte do dia-a-dia e não como culpa de alguém.

Mesmo assim, o funcionário tem que conseguir identificar até que ponto ele está disposto a tentar mudar a realidade e os paradigmas da empresa onde trabalha e até que ponto valerá a pena. A reflexão sobre: será que vale a pena? Será que eu confio suficientemente nos líderes desta empresa para continuar a tentar transformá-la em um lugar melhor para se trabalhar? Será que não sou eu o “peixe fora d’agua”? Será que não é melhor eu sair ao ter que investir energia em uma missão impossível?

Até onde vai a hipocrisia ou a falta de visão das pessoas que trabalham lá e principalmente dos líderes que as orientam e até que ponto vai a sua própria falta de amor próprio e integridade? Falar sobre Integridade e julgar as pessoas é fácil. Difícil é admitir a própria miopia.

 

Moral da história: CADA UM TEM O QUE MERECE!

No caso da empresa Talmet, “Sobrinho” virou sócio é ainda é coordenador; e a pessoa preocupada em aprimorar os processos decidiu sair da empresa.

E o que eu tenho a ver com esta história? Nada!!!! (não quero causar mais melindres!!!)

∴O que você pretende ser quando você crescer?∴

E se tudo o que você tem feito até hoje tiver sido mero treinamento para a verdadeira carreira que ainda está por vir

Nestes últimos anos, ao trabalhar a questão da preparação para o futuro com executivos e jovens, tenho pensado muito sobre o conceito de 2a e 3a carreiras. Neste artigo, decidi oferecer ao leitor cinco histórias reais, algumas pessoais, outras ligadas ao trabalho que desenvolvemos na Amana-Key. O objetivo é estimulá-lo a refletir sobre suas próximas carreiras.

1 - Há dez anos, quando meus filhos tinham 14, 11 e 9 anos de idade, eu e minha esposa conversávamos ao jantar sobre o sistema educacional vigente. Nossa conclusão ao final da conversa foi óbvia e, ao mesmo tempo, assustadora: nossos filhos não estavam sendo preparados para o futuro. Ao contrário, pareciam estar sendo preparados para o... passado.

Outra constatação foi a de que eu poderia ajudar meus filhos - sou especialista em estratégia e trabalho com futuristas, preparando executivos para os desafios que estão por vir. Portanto eu poderia ajudá-los. Mas não estava fazendo isso.

Nessa mesma noite, telefonei para vários amigos com filhos na mesma faixa etária dos meus e convidei-os para o que chamamos de Projeto Jovens da Amana. O objetivo era simples: desenvolver nas crianças uma visão de mundo e competências que provavelmente não conseguiriam nas escolas por onde passariam mas que seriam fundamentais para o futuro.

Começamos com 25 crianças e adolescentes naquele sábado. E o projeto avançou nos anos seguintes, sempre com um número crescente de participantes. Criávamos a cada semana formas divertidas de atingir o objetivo proposto: jogos e simulações, bate-papos com músicos da Orquestra Sinfônica Jovem do Estado, workshops com mímicos para sensibilizar os jovens quanto à importância da comunicação não-verbal, criação de situações propícias à prática de valores, jogos de imaginação sobre o futuro etc.

Hoje o Projeto Jovens trabalha com adolescentes pré-universitários (acima de 15 anos). O objetivo dos seminários também é simples. Na primeira parte, pensamos juntos sobre o futuro. A premissa é a de que, quando esses jovens chegarem ao mercado de trabalho (em dez anos), o mundo será muito diferente do atual. Daí a importância de se decidir imaginando esse "ponto futuro" - caso contrário, está se decidindo com base no passado. A segunda parte é sobre o processo decisório.

A esses seminários gratuitos, realizados em fins de semana, comparecem centenas de jovens do Brasil todo (de 200 a 300 por seminário). E também executivos e executivas, pais dos jovens, assistem ao evento.

Curiosamente o efeito nos pais é, em muitos casos, tão grande quanto o causado nos jovens... A reunião faz os pais pensarem. Eles estão na faixa dos 40 aos 50 anos. Pensam nos anos que faltam para a aposentadoria. E pensam na mesma sintonia dos jovens... O que farei quando "crescer", quando estiver mais maduro, mais sábio, mais sereno, mais experiente, mais competente... "formado" pela vida?

2 - Na sessão sobre estratégia, em nossos programas de gestão avançada especulamos sobre o futuro. Nos próximos dez anos teremos o equivalente a quantos anos de mudança para trás: 50, 60, 100 anos? (Cinqüenta anos é a projeção "conservadora" da maioria dos executivos.)

A reflexão seguinte é voltarmos 50 anos no passado. E zás! Estamos ainda na década de 40, no período pós-guerra. "Como grupo de pessoas de negócios, teríamos conseguido em 1949 imaginar o mundo de 1999?" O debate continua e a resposta unânime é: "Não". Não, como racionais executivos e executivas de empresas. Se fôssemos, digamos, escritores de ficção científica, talvez tivéssemos alguma chance...

No passo subseqüente voltamos à questão original e a conclusão é óbvia. Hoje, em 1999, teremos que ter a imaginação de um escritor de ficção para chegarmos a visualizar o mundo dez anos à frente.

Estamos nos preparando devidamente, em nossas empresas e no país, para esse futuro tão diferente que está emergindo? No aspecto pessoal, o exercício tem sempre um impacto diferente. E a reflexão é sobre expectativa de vida. As estatísticas já nos mostram dados marcantes. Há poucas gerações (a de nossos bisavós) era comum pessoas morrerem ainda muito jovens, antes dos 40 anos. Hoje o quadro é bem diferente. Mas e no futuro?

Se imaginarmos o progresso que todas as áreas de conhecimento vão experimentar nestes próximos dez anos - inclusive a medicina -, todos vamos nos beneficiar dessa significativa evolução (equivalente ao progresso dos últimos 50 anos). O que isso representa para a nossa expectativa de vida? E se pensarmos nos benefícios a auferir da evolução que ocorrerá nos dez anos seguintes (de 2009 a 2019) e assim por diante?

Para todos os que estão entre 40 e 50 anos hoje, a previsão pode ser uma expectativa de 100 a 120 anos. No mínimo. Mais ainda, provavelmente chegaremos física e mentalmente muito bem a essa idade. Extremamente ativos e bem-dispostos.

A questão-chave é: "O que faremos depois que nos aposentarmos, aos 55, 60 anos?" Na perspectiva de estarmos bem aos 120, o que faremos dos 60 até aquela idade?

"O que fazer quando crescer?" Qual será a minha 2a carreira? E a 3a? E a 4a? Daria tempo ainda para uma 5a?

3 - Um dos diretores da Amana, Eduardo Borba, hoje na faixa dos 40 anos, fez engenharia de produção na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Quando ainda estudante, Borba, que chegou a participar de concursos de MPB compondo e cantando, encantou-se com uma trupe de artistas que viajava pelo mundo promovendo solidariedade entre os povos por meio da música. Ele trancou a matrícula na Poli, juntou-se ao grupo e ficou alguns anos viajando. Mais tarde voltou, terminou o curso, fez mestrado em administração na França e depois doutoramento na Fundação Getúlio Vargas. E tornou-se especialista em gestão - ele está na Amana há quase dez anos.

Há dois anos, inauguramos em nossa empresa uma prática de reflexão coletiva. No início de cada mês define-se um tema (começamos com "simplicidade") divulgado numa grande placa de cortiça colocada no principal corredor de nossas instalações. Durante o mês, todos os funcionários contribuem com suas idéias, como charges, recortes, artigos etc. sobre o assunto. No fim do mês, o tema é fechado com um workshop organizado pelos próprios colaboradores e com a participação de todos os diretores.

Para um desses workshops, Borba foi desafiado a criar uma canção sobre o tema usando a contribuição de todos no quadro.

Saiu-se tão bem que a música foi apresentada por ele mais tarde num dos cursos para nossos clientes. Repetiu-se o sucesso. Daí para o desafio de fazer um CD foi um passo rápido. Com o apoio dos melhores profissionais do ramo, contratados pela Amana, o CD foi gravado e está pronto para reprodução e distribuição - como presente - para os mais de 10 000 participantes de nossos cursos.

O esforço feito por Borba nesse processo trouxe à tona o seu talento musical - adormecido há muito tempo. No próprio trabalho que desenvolve hoje, ele está evoluindo em duas direções. No campo da gestão, como educador. E no campo da música, como compositor, violonista e cantor. Em que direção evoluirá sua 2a carreira? Talvez nem mesmo Borba saiba. Mas o que nos faz pensar é que ele está se desenvolvendo já hoje em várias direções. Suas opções serão mais amplas quando estiver pronto para escolher...

4 Há poucos dias, realizamos uma entrevista em vídeo com Michael Hawley, professor de tecnologia de mídia no Media Lab do Massachusetts Institute of Technology (MIT), para trabalharmos em nosso curso de gestão. Hawley - ou Mike, como prefere ser chamado - é o pesquisador principal do projeto Coisas que Pensam, um programa de pesquisa que explora as formas pelas quais a mídia digital irá se incorporar a objetos do dia-a-dia, como uma pia de cozinha ou uma balança de banheiro. Ele também dirige um consórcio de pesquisa intitulado Brinquedos de Amanhã, recém-criado pelas principais empresas de brinquedos do mundo para desenvolver novos tipos de brinquedos. Em maio de 1998, ele liderou uma equipe que escalou o Monte Everest carregando equipamentos que, na visão de Mike, serão parte diária do cuidado com a saúde no futuro - uma espécie de "caixa-preta" individual que irá permitir decisões médicas mais precisas e eficazes.

Esses são alguns dos projetos no mínimo inusitados com os quais Mike tem se envolvido nos últimos anos. Mas o que mais nos surpreendeu foi saber que Mike se formou na faculdade de... música! Após graduar-se em piano pela Universidade Yale, Mike foi trabalhar com o compositor e musicólogo francês Pierre Boulez, em Paris, em seu instituto de música eletrônica. Recebeu, então, um convite para trabalhar nos estúdios de George Lucas, em projetos de cinema digital. Mike decidiu posteriormente aprofundar seu conhecimento em tecnologia fazendo doutorado no MIT sob orientação de Marvin Minsky, um dos pais da inteligência artificial. Ele também trabalhou com Steve Jobs, tornando-se o principal engenheiro da NeXT, empresa fundada por Jobs após sua saída da Apple. Para a NeXT, Mike desenvolveu a primeira biblioteca digital do mundo, incluindo edições de Shakespeare e o dicionário Merriam-Webster's. Ele é membro do conselho de administração do Instituto de Jazz Rutgers, campeão de ioiô e membro da Federação Americana de Bobsled (aqueles trenós do filme Jamaica Abaixo de Zero)!

Em sua entrevista, Mike contou que algumas semanas antes de sua vinda ao Brasil havia participado da primeira edição da Competição Internacional de Piano para Amadores de Alto Nível, feita pela Fundação Van Cliburn, que realiza um dos mais concorridos concursos internacionais para pianistas profissionais. A versão da competição para amadores é aberta para músicos com mais de 30 anos de idade que não ensinam nem tocam profissionalmente. O grupo de competidores incluía, além de vários professores universitários (entre eles Mike), médicos e advogados, um dono de restaurante, um meteorologista, um piloto de aviões, uma comissária de bordo, um repórter, um diretor de cassino, um âncora de TV, um crítico de artes do New York Times e o embaixador do Brasil em Miami (Luiz Benedini, um dos finalistas). O vencedor foi Joel Holoubek, um francês numismata e corretor de moedas antigas.

Parece que o conceito de 2a, 3a carreira para Mike Hawley não é algo linear e claro. Mas definitivamente ele está navegando o tempo todo na direção de carreiras inéditas. E fazendo acontecer. E continuará assim por muito tempo. Nos próximos 60 a 100 anos, talvez...?

5 Quando meus filhos eram pequenos e dormiam todos num só quarto, eu contava histórias para eles todas as noites. Sentava na beira da cama e começava: "Era uma vez..." Ao começar com esta frase, não tinha a menor idéia sobre a história daquela noite. Mas ela fluía naturalmente, ia brotando como se viesse de uma fonte inesgotável de enredos que a frase mágica repentinamente acessava. E o processo era tão ativo que, às vezes, a história vinha em dois capítulos. O segundo, para ser concluído na manhã seguinte, no carro, a caminho da escola.

Já não conto histórias para meus filhos há anos. São todos adultos agora. Mas continuo a contar histórias, agora reais, para ilustrar conceitos que trabalho nos cursos para executivos ou durante os seminários para jovens. Ao pensar sobre minha carreira seguinte muitos anos atrás, a idéia veio muito clara: escritor de livros infantis.

Essa será minha 3a carreira (a primeira, antes da Amana, foi num banco). E estou me preparando aos poucos. Ao viajar, visito livrarias e folheio e compro livros infantis. Encontrei até um em que escritores do gênero contam como trabalham e criam seus livros. Consigo me ver 10, 20 anos à frente criando histórias para crianças. Livros. Mas também usando a mídia que for inventada mais adiante. Estarei aberto.

Todas essas perspectivas me ajudam já hoje. Sinto serenidade em relação ao futuro. Sei qual será meu próximo passo. E quanto ao passo subseqüente? Ainda não sei qual será minha 4a carreira... Mas sei que outras janelas se abrirão. Estarei atento.

Sinto porém que, mais do que em carreiras, estou navegando em outras águas já há algum tempo.

A questão-chave já não está no trabalho. Está na expressão do melhor de mim em tudo que faço. Em tudo que faço para as pessoas ao meu redor e para a sociedade. E aqui a seara não é mais da realização profissional. É a realização como ser humano. É a realização do espírito.

Como já disse Albert Einstein: "O ser humano somente pode encontrar significado na vida, curta e perigosa como é, por seu devotamento à sociedade". Nesse sentido vejo carreiras como meios. Mas um meio para quê, afinal? Essa é a verdadeira questão. Uma questão que fica cada vez mais clara na medida em que evoluímos e transcendemos a mera busca de poder, status e riqueza material. Descobrimos que se trata de um meio para sermos cada vez mais úteis aos nossos semelhantes. Talvez isso seja o que de melhor possamos fazer por nossas carreiras. E por nossas vidas.

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Oscar Motomura é diretor-geral da Amana-Key. Se quiser compartilhar com ele suas idéias sobre este assunto, envie-as ao e-mail: proxima.carreira@amana-key.com.br

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

∴PROSPERIDADE∴

Não existe uma pessoa, comunidade ou empreendimento que não queira ter prosperidade. Todos dizemos que sim, que queremos ser prósperos, mas o real significado deste fenômeno acaba sendo muito mal compreendido.

Na verdade todos nós, ao declararmos nosso desejo de prosperidade, queremos satisfazer o desejo de ter dinheiro, de ter saúde, de ter alegria, de ter as coisas boas da vida. Não há nada de errado com estas coisas, o erro fundamental é o apego ao desejo de conquistá-las, como se as mesmas pudessem ser obtidas de alguma maneira, como se existisse uma receita mágica ou algum supermercado com estes itens disponíveis na prateleira. Infelizmente (ou, felizmente) não é assim que funciona.
Outro pressuposto não compreendido é o ponto de partida que leva ao “desejo de prosperidade”. A maioria das pessoas, negócios e empresas, infelizmente, parte do pressuposto de que “algo está faltando”, da necessidade de conquistar algo que não possuem, ou daquilo que possuem ser insuficiente, numa batalha pela sobrevivência em um ambiente hostil. Esta crença gera um círculo vicioso e egoísta de desejo (pois acreditamos que não temos, ou que é insuficiente), ansiedade (achando que devemos obter tudo urgentemente), esforço (movido por tanta ansiedade), medo da falta (que alimenta mais ainda o desejo), frustração (com tanto esforço e tão poucos resultados), que origina mais desejo e esforço, perseguindo um objetivo que parece externo e distante, consumindo grande energia. Em realidade estamos impedindo que a vida siga seu fluxo natural, que é muito mais fácil, automático e justo. Isto, mais uma vez, não tem nada a ver com Prosperidade.
Se pesquisarmos mais a fundo os aspectos de nossa vida que não fluem de maneira livre e desimpedida, seja o dinheiro que recebemos, seja nossa saúde, seja a harmonia nos relacionamentos ou mesmo nossa falta de satisfação e alegria, vamos descobrir uma raiz fundamental que permeia tudo aquilo que não evolui e não floresce para nós. Esta raiz é o medo. Este se apresenta com diversas roupagens e em várias circunstâncias, roubando sempre nossa tranqüilidade, minando nossa confiança, alimentando o egoísmo e impedindo que a Vida aconteça. Assim, pesquisando com verdade nossos sintomas, podemos descobrir que o “medo da falta” impede a prosperidade financeira, o “medo da morte” prejudica nossa saúde, o “medo da rejeição”ou o “medo da intimidade” impedem os bons relacionamentos e o próprio “medo da Vida” é o que impede a felicidade de acontecer. O medo, que também pode ser chamado de falta de confiança, é o pai do egoísmo e o grande inimigo da Prosperidade. Temos medo porque nos sentimos ameaçados, quando sentimos isto pensamos em nos defender, pensamos em resolver nosso “problema”, pensamos em como nos proteger, acabamos pensamos o tempo todo em nós mesmos. O ato de pensar em si mesmo o tempo todo também é conhecido como egoísmo. Quando agimos assim, o mundo fica muito pequeno.

Imagine, o mundo inteiro à sua volta, cheio de oportunidades, e você o tempo todo olhando para o próprio umbigo, com medo, defendendo-se e atacando de maneira egoísta. Na verdade não é sequer uma atitude inteligente, pois assim as oportunidades de expansão e sucesso se limitam a seu próprio tamanho, que é muito pequeno diante da imensidão da Vida. O medo gera egoísmo, e o egoísmo fecha as portas do mundo.
Poderíamos também resumir nossas dificuldades em prosperar afirmando que existe algum medo instalado nas áreas de nossa vida que não vão bem. Este medo gera uma sensação de falta, de que aquilo que existe vai acabar, ou que não é bom suficiente, ou que a vida dos outros é melhor. Da crença nesta ilusão surgem todos os sentimentos egoístas e todos os desejos, na tentativa de compensar, de remendar ou consertar desesperadamente nossa vida. Porém, enquanto o medo não for identificado, não adianta querer tanto, nem fazer tanto esforço, pois a real Prosperidade ainda não pode acontecer. Assim, nem o tão desejado dinheiro, nem a Saúde, nem o Amor podem se aproximar, porque estamos muito ocupados, fazendo um tremendo esforço para nos proteger e perseguir desejos de maneira egoísta. Se nosso pensamento e nossa visão de mundo estão influenciados por qualquer aspecto do medo, podemos ficar “desejando” ser prósperos a vida inteira, fazendo muita força, porém acabar apenas colecionando frustrações, sem nenhum sucesso.
É importante que possamos “assumir” nossos medos. Na verdade, assumir o medo é uma atitude de coragem, e é o primeiro passo em direção à Prosperidade. Basta assumi-lo, sem julgamentos ou condenações. Não vale a pena lutar contra seu medo, nem tentar negá-lo ou disfarçá-lo, isto não funciona. Assumir é uma atitude que se encerra nela mesma. Se você fala a verdade para você mesmo, este simples fato já liberta grande parte daquilo que está aprisionado. Assuma seu medo, se quiser dê nome a ele, escreva, faça um desenho, conheça o inimigo que existe em você mesmo. Este é o primeiro passo, sem o qual não podemos nem falar em Prosperidade. Se você acha que não tem medo de nada, faça um teste simples: como vai a Prosperidade em todos os aspectos de sua vida? Se tudo está realmente fluindo em harmonia, se você está satisfeito com 100% da sua vida, então realmente não há medo. Se, porém, existe qualquer dificuldade, esta é a pista. Localize o medo que se esconde sob esta situação e o assuma para poder caminhar.
Assumir o medo é realmente libertador e é o primeiro passo para a liberdade. Daí em diante, existem outras chaves simples, que podem ser acessadas a qualquer momento, que não exigem nenhum esforço e que tem o poder de sintonizar nossos pensamentos e sentimentos com o ritmo natural da Vida, estabelecendo um ambiente propício ao florescer da abundância, da paz e da alegria.
A primeira destas chaves é a Aceitação. A Aceitação na verdade é muito fácil. Você não precisa “fazer” nada, não precisa “mudar” nada, não precisa criar nenhuma condição especial. Você pode começar a aceitar exatamente agora. Aceitação significa simplesmente não lutar contra o que está acontecendo neste exato momento. A Vida é como ela é, e não vai se transformar em outra coisa só porque não concordamos com aquilo que é. Na verdade não adianta criar oposição, não adianta “ser contra”, porque neste momento tudo continuará sendo o que é mesmo que lutemos, façamos muita força, mesmo com todo nosso sofrimento e frustração. Quando aceitamos verdadeiramente nossa situação, paramos de brigar e estamos assumindo a responsabilidade sobre nossas vidas. Aceitar significa assumir tudo o que você é e tudo o que sua Vida é, neste exato instante. Não se assuste. Não há problema algum em você e sua vida serem como são, com todos os seus problemas, com suas coisas boas, com defeitos, com beleza, dificuldades, talentos, ódio, inveja, amor, medo, inteligência, desejo e coragem. É assim que somos, assim é, esta percepção é algo maravilhoso.
Quando aceitamos, paramos de lutar. A perseguição desenfreada dos desejos se acalma e então a Vida começa a se abrir. Neste momento, alguns progressos começam a se fazer sentir e uma grande carga abandona nossos ombros. Normalmente, quem entra em acordo com a Aceitação pára de reclamar daquilo que é, pára de se comparar e desejar aquilo que é do outro, deixa finalmente a vida dos outros em paz e presta atenção à sua, conquistando uma visão madura daquilo que é real. Isto independe de quanto dinheiro você tem, ou de quanto Amor recebe. Você não precisa ganhar um centavo a mais para aceitar. Pelo contrário, se você aceita quem é e onde está, as portas da real Prosperidade, inclusive a financeira, começam a se abrir.
Isto vale para todos os aspectos de nossa vida. Se pararmos de lutar por um instante, se desistirmos de achar que sabemos o que é certo, se abrirmos mão de nos sentir injustiçados e defender tanto nossos pontos de vista, se pararmos de querer tantas coisas sempre tão desesperadamente, estaremos começando a aceitar o que é verdadeiro, aquilo que somos e temos realmente. Aceitando o que existe neste exato momento, começa a Prosperidade. Normalmente esta Aceitação começa por tudo aquilo que achamos que “está errado”, “não funciona” ou “não deveria ser assim”. Achamos que não devia ser assim, porém é assim. Isto é verdade e é inevitável. Tem sido difícil para nós entrar em acordo com esta realidade porque ainda queremos ter razão, queremos estar certos e ter nossos pontos de vista reconhecidos e vencedores. Podemos experimentar abrir mão disto. Experimente relaxar, mesmo que você não concorde. Aceite que você está lendo este texto, que está onde está, que sua vida é como é, porque não há outra coisa a fazer. Então um fenômeno começa a acontecer. Quando aceitamos e paramos de lutar contra, começamos a perceber tudo que temos e que estamos recebendo neste exato momento. Aceitando, sua percepção se abre para a riqueza da Vida.
Você já parou para perceber, por exemplo, que todos os dias apertamos um interruptor em nossas casas e a luz se acende? Que abrimos uma torneira da qual sai água? Não é simplesmente fantástico ter luz, energia e água ao toque dos dedos? Você pode contra-argumentar que paga por estes serviços, mas mesmo assim, não consegue sentir como é maravilhoso ter, por exemplo, meios de locomoção para chegar onde precisa? Que tal, por exemplo, poder utilizar um telefone para falar com quem está longe? Se você ainda não quer aceitar como é bom poder usufruir de produtos e serviços, então vamos ser mais simples. Você já percebeu que todos os dias recebe a luz do Sol? Percebeu que na presença deste Sol as árvores estão fabricando o ar que você respira, durante toda a vida, inteiramente grátis? E a água que você bebe? Você já parou para perceber o sabor de uma laranja? Já prestou atenção nas flores, que florescem e perfumam a sua vida sem pedir nada em troca? E a música, os perfumes, o som de uma risada, a praia, as montanhas e as ondas do Mar?
Tudo isto é seu, neste exato instante, independente do juízo que você faz da sua própria prosperidade. Tudo isto e muito mais é sempre seu, o tempo todo, toda a sua vida. Nem começamos a falar do seu corpo, essa máquina maravilhosa que lhe permite perceber a luz, as cores, os sons, toda a beleza, que leva você onde quer ir, que permite que você experimente os sabores, os perfumes, os prazeres do toque, as sensações, seu corpo que é tão durável e eficiente e que é seu companheiro por toda uma vida. Você já parou para realmente perceber quanto está recebendo exatamente agora? Vamos além do próprio corpo, você já prestou realmente atenção em qualquer ser humano que aparece em sua Vida? Já viu em cada um, independente de seu julgamento, a oportunidade de aprender a amar mais e melhor? Já percebeu que todos que encontramos, familiares, amigos, desconhecidos, amigos ou inimigos, são cada um uma oportunidade que temos de aprender o Amor?
Se você aceitar, por um segundo, a sua Vida, se parar de achar que não está bom e parar de brigar para alcançar algum objetivo que sua mente inventou, todo o universo se abre para você. Esta é a chave da Aceitação. Quando ela acontece, você começa a perceber que, mesmo contendo algumas coisas que lhe incomodam, sua vida também está repleta de presentes, belezas, prêmios e maravilhas, independente de quem você é ou de onde você está.
A partir da Aceitação percebemos a riqueza de nossas vidas. Quando sentimos como a Vida é gigante, como é vasta, quando sabemos realmente quanto já estamos recebendo, floresce espontaneamente outra chave, que é a Gratidão. Reconhecendo tudo o que você já tem e o quanto está recebendo exatamente agora, é impossível não sentir seu coração repleto de gratidão, pois este é um sentimento espontâneo. A Gratidão na verdade é um reconhecimento da abundância da Vida. Ela ocorre quando paramos de querer tanto, quando saímos do papel de credores da vida ou de alguém, quando se encerra o jogo doente da insatisfação e do desejo egoísta.
A Gratidão abre nosso coração, e quando somos agradecidos ele começa a transbordar. Exercitar a gratidão é delicioso. Além de agradecer a natureza e tudo que ela nos traz, podemos agradecer a nossos pais, que nos deram a Vida, a todos os nossos mestres (e aos pais novamente) por tudo que aprendemos e somos, podemos agradecer às situações de nossas vidas, às boas e às más, por todas as lições e a evolução que elas propiciam, agradecer mais uma vez a todas as pessoas que encontramos, aos nossos afetos e desafetos, porque todos nos ensinam a tolerância e a compaixão. Aproveite também e seja corajoso, agradeça todos os seus problemas e dificuldades, agradeça toda a luta que você enfrentou bravamente até agora. Agradeça porque você é valoroso e porque todos os seus problemas são o palco exato, impecável e perfeito para você aprender a amar. Vá além de toda dúvida e agradeça sua Vida exatamente como é, um presente perfeito de Deus.
A Gratidão gera uma sensação de transbordamento. Quando nossa taça transborda, queremos oferecer para a Vida a mesma abundância que estamos recebendo. Neste momento acessamos outra chave, que é a Doação. Se você aceita, você se torna agradecido. Sendo agradecido, seu coração tem muito para oferecer. Nesta Doação você se realiza. Isto é Prosperidade. Aceitando e sentindo Gratidão, você descobre as belezas, os talentos e a ajuda que pode oferecer, exatamente agora, independente de qualquer que seja a sua situação.
Quando despertamos para a verdadeira Doação, estamos deixando para trás as prisões do medo e do egoísmo, pois só pode ser egoísta aquele que tem medo. Quem consegue aceitar e agradecer a Vida que acontece a cada instante tem o infinito para oferecer. Esta Doação é nela mesma o maior dos prêmios, é o preenchimento de todas as expectativas, é o Amor vivo que dá Luz ao mundo. Permita que sua Doação surja da Gratidão. Encontre a Gratidão na Aceitação da vida. Comece aceitando sua vida como é, assumindo todos os seus medos se for necessário.
Assim é a Prosperidade. É uma função direta do melhor que podemos oferecer, não do que julgamos que devemos receber. Quando aceitamos, agradecemos e abandonamos os medos, conseguimos nos conectar com a verdadeira Doação, que satisfaz o próprio doador, então a vida flui e todos os problemas desaparecem. Assim construímos um caminho para receber eternamente toda a riqueza, a saúde, a felicidade e o Amor de que necessitamos.
Este, como sempre, é um convite. Se seu coração quiser aceitá-lo, assuma seus medos. Aceite sua Vida e quem você é. Comece a agradecer tudo que você tem. Perceba o que pode ser oferecido e esqueça o que pode ser desejado. Realize o Amor em sua Doação, abandone tanto sofrimento, abra as comportas da bem-aventurança e abundância infinitas. Receba todo o dinheiro, toda a saúde, toda a realização, toda a alegria, a criatividade e o Amor que a Vida tem para você. Dê, finalmente, boas-vindas à Prosperidade!

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