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quinta-feira, 7 de maio de 2009

∴Onde estão, de fato, os lucros?!?!∴

Crises são engraçadas. Estranhou a afirmação? Acompanhe o raciocínio. Elas são capazes de acionar os nossos cérebros répteis, fazendo com que a gente saia correndo que nem camundongos apavorados, em busca da toca - em nosso caso, o conhecido buraco chamado "dimensão econômica". E lá ficamos, amontoados, com uma falsa sensação de segurança, embora deixemos desguarnecidas as outras dimensões da riqueza.

Ao examinar a realidade do estreito ponto de vista do buraco da "dimensão econômica", as pessoas estranham alguns diferenciais progressistas, como a atenção e a excelência. Eles parecem conduzir ao oposto da produtividade e da lucratividade. É difícil compreender a realidade, observando-a da pequena fresta que permite a "dimensão econômica". O ângulo é tão estreito que dali não é possível avistar todas as outras possibilidades de riquezas. É aí que a crise viceja. Muito mais, é bem verdade, por causa das decisões e ações tomadas justamente por conta dessa perspectiva, do que por fatores externos, embora estes sejam apresentados - pelos meios de comunicação, com base em análises macroeconômicas de cientistas políticos e economistas - como os grandes culpados do triste cenário.

Nessa hora, é importante fazer uma pausa para reflexão, relembrando como funciona a dinâmica do lucro. Por não responder positivamente às motivações de seus colaboradores, a empresa econômica sofre os custos elevados da rotatividade, do absenteísmo real (a ausência no trabalho) e do absenteísmo virtual (a ausência da mente e da alma no trabalho). Esses fatores compõem custos elevadíssimos, mas passam em brancas nuvens, pois não aparecem de maneira explícita nos relatórios contábeis. Eles estão lá, mas disfarçados de prejuízos ou de lucros diminutos. Inclua, ainda, os custos da perda de clientes, por atendimento descuidado (as estatísticas já comprovaram que cerca de 70% dos clientes são perdidos ou não fidelizados por falta de atenção e interesse). Acrescente a essa análise a provocação do cientista organizacional Peter Block: "a vingança maior de nossos funcionários é descarregar sobre os clientes o ressentimento e frustração que sentem por nós". Coloque tudo isso na conta e constate a grande evasão de recursos que escoa pelas frestas do seu negócio, mesmo que você esteja pilotando com rigor o fluxo de caixa, 24 horas por dia. Será inútil, se permanecer apenas na "dimensão econômica".

Mas as coisas não param por aí. Voltemos a pensar na lógica da empresa progressista. Somente ela está interessada em satisfazer as necessidades humanas de valorização, de reconhecimento, de atenção, de oferecer amor, de propósito e de significado, tanto para quem está dentro como está fora da organização. Todos, é óbvio, respondem a isso com boa vontade e gratidão. O que significa lealdade.
Na empresa econômica, a alma quase nunca tem espaço para se manifestar, mas é ela que sente, que se compromete, que se engaja, que se entrega e que sabe se conectar com a alma do cliente, disposta a fazê-lo feliz. A empresa econômica supre apenas as necessidades materiais e, por ignorar todas as outras, precisa mesmo lançar mão das armas corriqueiras: redução de preços, concessão de prazos, descontos e abatimentos, além de abertura de uma conta de devolução de mercadorias ou de retrabalhar serviços remunerados apenas uma vez.

Enquanto a empresa econômica se restringe à pobre matemática das transações comerciais, tentando zelar pela dimensão econômica da riqueza, a empresa progressista investe na mágica dos relacionamentos, na certeza de que aí está a nutrição essencial para colaboradores e clientes. O resultado é um lucro muito maior e perene, porque é sustentado pelas outras dimensões da riqueza.

Este texto se encontra em versão original no site da CEMPRE – Educação nos Negócios (http://www.cempre.net/)

Kleiton Kühn

* kleitonkuhn@hotmail.com

Tel.: 55 11 2538-5993

Cel.: 55 11 9141-9545

Site.: http://kleitonkuhn.blogspot.com/



Antes de imprimir, pense em sua responsabilidade e compromisso com o meio ambiente.

terça-feira, 10 de março de 2009

∴A hora e a vez da empresa progressista∴

O Fórum Social Mundial aconteceu em Belém do Pará, no final de Janeiro. Ao mesmo tempo, era realizado fórum econômico, em Davos, na Suíça. Lá, o econômico vivenciava a ressaca do excesso de um modelo neoliberal, que apostou todas as suas fichas no deus mercado. E deu no que deu. Ainda com as garras contidas, a crise que se tornou transparente em 2008, já colocou milhões de trabalhadores no olho da rua no mundo todo. Enquanto isso, nas plagas amazônicas, representantes de 150 países discutiam as mazelas de um modelo econômico que exclui 2/3 da população mundial do banquete que ora causa convulsivas indigestões.
O cerne do problema, no entanto, está nesse persistente apartheid que separa o econômico do social, como se fossem campos opostos e não mescláveis: a água e o azeite, ou os belos personagens românticos do feitiço de Áquila - um que só podia viver à luz do dia, outro, que só à noite.
O econômico pelo econômico produz misérias sociais. O social pelo social causa pobreza econômica. As fórmulas excludentes são muito conhecidas e sabemos dos seus efeitos devastadores. Dissociar o econômico do social é a semente perfeita para gerar as catástrofes humanas das quais, mantida essa separação, jamais nos livraremos. Precisamos fazer com que o econômico se enamore do social e vice-versa, para que ambos, unidos e em constante harmonia, possam gerar filhos promissores, capazes de criar uma nova humanidade, a verdadeira terra prometida.


A origem de todo o mal

Primeiramente, é preciso identificar com lucidez o que é sujeito e o que é objeto, no mundo dos negócios. Sujeito é geralmente representado pelo pronome "quem". Quem planeja, elabora, produz, atende, serve é sujeito. Quem demanda, compra, consome, usufrui e é servido também é sujeito. Todo o resto é objeto: o produto, o maquinário, o processo, os insumos, os controles, a nota fiscal, a duplicata, a comercialização, o dinheiro e o balanço.
O econômico tende a transformar tudo em objeto. O "quem" é tratado como coisa, não importa se faz ou compra. É o que acontece quando o lucro se transforma em sujeito e senhor de tudo. Sim, porque leva a um desvio cruel: transforma pessoas em objetos descartáveis, sejam funcionários, clientes, fornecedores, investidores. Sem distinção, todos são vistos apenas como meios de aumentar o volume de caixa. Quando o econômico se sobrepõe ao social, fica automaticamente eliminada qualquer possibilidade de evolução humana, ainda que se possa conseguir acumulação de renda, durante um certo período de tempo.
Paulo Freire dizia que o "homem é objeto por distorção, mas sujeito por vocação". Toda calamidade humana decorre dessa inversão de valores e de trocar os fins pelos meios. As crises são os avisos de que as coisas estão fora da sua ordem natural. Assim como o corpo humano produz febres, náuseas, vômitos e diarréias diante de uma ameaça ou de um agente estranho, a crise é a reação do sistema quando o objeto persiste em sobrepor-se ao sujeito, acionando - no ápice do processo - um alerta de que a saúde precisa ser restaurada.


A empresa progressista

A metanóia é um processo de educação que tem como propósito transformar empresas econômicas em empresas progressistas, a partir da mudança de modelo mental de seus líderes. Baseia-se em boas práticas e conduz à abundância, porque nela acredita. É orientada por valores e atua de acordo com eles. É direcionada por uma visão de futuro, um propósito revestido de significado para todos que nela trabalham. Toca, portanto, a mente e o coração de todos os seus colaboradores. Investe nas dinâmicas de grupo e nos trabalhos em equipe.


A empresa progressista se preocupa com a qualidade dos relacionamentos e de diálogo entre as pessoas. Adota um modelo de gestão participativa, que representa um avanço em relação aos tradicionais, sempre hierarquizados e autoritários. Introduz práticas de decisão em consenso, planejamento participativo, indicadores de desempenho e avaliação de resultados sob um enfoque sistêmico.
Quando uma empresa é capaz de tratar seus colaboradores como sujeitos, está preparada para fazer o mesmo com todos os outros seres humanos, o que naturalmente inclui os que adquirem seus produtos e serviços. Palavras como serviço e excelência compõem o vocabulário organizacional de uma empresa progressista. Ao se interessar verdadeiramente pelo cliente, a empresa progressista deixa de ser uma empresa apenas econômica e passa a ser uma instituição apta a contribuir com o outro, que, em uma abordagem sistêmica, abrange também o fornecedor, o investidor, a sociedade como um todo.
Essa empresa une o social, a parte do negócio que está a serviço da sociedade, com o econômico, a parte do negócio geradora de resultados. Riquezas sociais e econômicas, juntas, uma retroalimentando a outra, num processo autopoiético.



A riqueza que faz bem

A empresa progressista é essa nova instituição moldada para o futuro da economia, como agente econômico e social. Sem exclusões ou divisões. Se toda a empresa tem um claro papel de produzir riqueza, a progressista assume decisivamente também sua missão social, porque respeita a natureza, o ser humano, os seres vivos, a vida, enfim.
Seus líderes compreendem que um negócio existe para contribuir com o mundo. Consideram-no, portanto, parte de uma obra maior, pela qual todos são responsáveis e sabem que é missão de cada negócio contribuir para o todo, com a sua própria parcela.
A empresa progressista funciona como uma comunidade de trabalho e aprendizado. Sua principal força está no conhecimento, e não apenas o voltado a uma especialidade técnica do ramo a que se dedica, mas sim àquele que amplia o significado da vida, da liberdade, da dignidade humana, da auto-realização, imprescindível para a construção de uma humanidade mais completa. Uma empresa social e humana, sem deixar de ser econômica. Completa, portanto, e capaz de atuar como fator de ampliação de consciência. Para o bem dos negócios, em geral, e dos seres humanos, em particular.

Este texto foi colhido do site da CEMPRE - EDUÇÃO NOS NEGÓCIOS. (http://www.cempre.net)